Twain, Wilde, Pessoa, Kurtzman e Camões
Hoje nasceu Mark Twain e morreu Oscar Wilde. Um em 1835 e outro em 1900. Um morreu no meio do sucesso, o primeiro e mais aclamado escritor profissional Americano. O outro, o último dos Românticos e o primeiro dos Modernos, no meio da miséria e da infâmia. São curiosas as coincidências. Há um livro de contos de Twain, que eu conheço numa edição de capa vermelha. Lá dentro, um Diário da Mãe Eva, outro do Pai Adão; absolutamente extraordinários. De Wilde, para fugir ao Retrato, A Importância de Se Chamar Ernesto, onde o Inglês parece renda e espuma, num baile de som e sentido duplo, triplo, todo ele multiplicidade e ambiguidade. Dois dos maiores, um nascendo outro morrendo sob as mesmas luzes, cumprindo o ritual engrandecedor de trabalhar a língua e nos fazer querer ler mais, sentir mais, rir mais.
Fazem também 70 anos da passagem do Pessoa. Fica aqui uma nota. Uma vez não sei onde, por causa do "tudo vale a pena quando a alma não é pequena", escrevi "estavas tão enganado, ó Pessoa, quem me dera a alma estreita e luminosa, como as casas do Sul, a torrar ao sol". Agora já não sei. Sei que tenho um livro do Harvey Kurtzman que se chama " In the Shadow of no Towers". Pessoa poderia usá-lo como mote. Talvez só Camões reclamasse.