Mais de metade é muito
Sendo eu nunca o inteiro
Menos de tudo já basta
Sendo nós tudo o que resta
Fados e rodriguinhos largam a pena
Numa elegia a amores presentes
E lembro Borges cantado por Caetano
E tango contigo tango comigo
E queria escrever num surrealismo palpitante
As estórias de nós de ti d’instante
E queria ser da música fiel costureirinha
Para bordar a sangue e prata abraço e sol
Não não deixa a minha alma métrica
Descoser o meu verso em aresta viva
Só escrevo a redonda onda silábica
Certinha como pupilo do exército
Em pátio quadrangular disciplinado
Arre! E cheiro Almada neste Arre!
Morra Dantas, Pim! E que Dantas tenho eu?
A chibata jaz no sangue seco, pobre tempo até de bestas
Torturo-me a mim, e não sem gozo
Masoquista espremo versos ao talento nulo
E se?
Nestas linhas de verso sonho a inversão da linha
E olhando o céu felizmente azul, sei estrelas, e mais céu
Felizmente negro
E tu, stella mia, onde te encaixas nesta guerra de mim contra o poema?
Ah! Musa, se tu cá faltasses, não havia olhos quanto mais poesia!
Assim, repito há falta de melhor
Mais de metade é muito
Porque pouco sou eu só
E o verso de dolor fortuito
Não chega, não basta, é pó