segunda-feira, outubro 29, 2007

Oiros

Na arritmia arruaceira que me toma
A bravata do seguir quotidiano
Desfaleço em saudades vê-la
Era bom agora vê-la

A vela primeira ainda acosta amor
Noutras costas que aprenderemos a conhecer bem
A apropriação algo corsária
De abordar com carta
De corso

( Ai o piratear sereno dos teus oiros )

quarta-feira, outubro 03, 2007

Fé II

Dentro de mãos quentes embrulhado em novelo
Ou apenas as mãos quentes
Ou só mas embrulhado pelas ex-mãos
Ex-voto de graça recebida
E paga

Pedaço de fé perdida
Por não ser suficientemente grande e sólida
Perdida na contrariedade primeira
Por não ser sólida
Por não ser Fé

Por não ter grande fé

O balancé das folhas que abandonaram a esperança
E caem pela brisa agreste
Como quem rebola de outeiros
Na desesperança do chão
Na reencarnação em solo

A chuva continuadamente
Eu agarrado em mim
E a certeza da mudança escrita nas mãos
Nas que ainda me permanecem frias
Mas continuadamente

terça-feira, outubro 02, 2007

Marchinha

No cair da primeira chuva
Escorro lento na sarjeta suja
Sou a folha a boiar serena
E o pingo soletrante

Assobio no lábio húmido assobio
Uma marchinha de origem difusa
E como quem aparafusa enrosco-me
À saudade de um céu sem nuvem

Virá mais uma chuva e outra
Tanta água por cair e a cair
E vou cair e no levantar provável
Vou marchar outra marchinha assobiada

No deserto também chove ó coração
Que não te deixam mirrar
Os olhos de quem falta ó coração
Têm o timbre de sempre mirar