terça-feira, abril 22, 2008

O Resto do Mundo

Colosso me perfilo meio à terra meio ao mar
De longe visto os dois sentidos apesar
De por um deles ser de terra e de outro ser de mar

A cara é pétrea e o cabelo oscila
Numa das mãos um tridente a outra em espiga
O coração não se vê por tal não sente
E a alma é vã, onda corrente

O ombro é largo como o tombadilho
Da nau maior da maior das Índias
E o peito cavo duma tosse infinda
Das esperanças feitas de lá não chegar

Sou assim:

Não sendo o mar tenho no rosto todo o sal do mundo
E colosso em tão rara costa não me encontra o rasto
O resto do mundo

sexta-feira, abril 11, 2008

Do Amor, da Música e das Somas do Tempo ( a I. )

a)

Tripulando o cabisbaixa nau
De tu não estares e me parecer
Que outra nau nunca mais chega
( Falta muito para apareceres ? )

Tricoto a diligente manta
De ponto cruz ( e há outro? )
Dos dias em que te toco

A terra continua ridiculamente pequena
Mas pesada porque redonda e bela

Um homem tem mais dedos quando ama
Ademais dois corações
Quantas cabeças não sei
Ainda nisso não pensei

A chuva embrulhada no implacável vento
Lava as calçadas diligente Almeida
E as gaivotas têem mais sorte que eu
Capelo sem teu cabelo

I presume

b)

Richard Bach
Ricardo Strauss
Emanuel Kant
João Sebastião

Sinto-me decrépito
Uma enciclopédia vetusta

Voava voava

c)

Vivo em atracção gravítica
O que me soma massa
Até
À fusão última

Avé:

- Decidi fazer-me ao mar
Com tripulação de gaivotas
Bordadas nas velas bambas
Tuas marés tuas rotas

- Decidi ir e mudar
Compor-me somando notas
Umas fixas outras soltas
Umas gritos outras mudas

- Ao tempo deixo a circunscrição do espaço
Que mede o que o tempo quer
¿ E se ele não souber medir ?

Será como alguém quiser
Se houver espaço e ainda sentir
Tanta vontade desse teu abraço

d)

Vou sentir