quinta-feira, agosto 28, 2008

Certo

1. Um Buçaco de Patas

Carnavais de esperança
As quartas de cinza
Capitéis mudança
Catedrais tristeza

Assim em balancé
Sob as imensas árvores
Sobre colchão de musgo
Junto ao verde lago

Remeto a mim
Uma angústia perguntada
De um passado meu
Da vontade adiada

Então lembro
Doutras árvores em serra
E sei
D’outro plano d’água

E rio, renovada folia
Das máscaras da memória
Das tristezas virais
E do bom d’agora

2. As Varandas Pousadas nas Memórias

O parâmetro rígido do voo
O pôr do sol na varanda triste
A luz que se pressentia esperança
Quando entrou em casa na primeira vez
No fim redentor de uma outra vida

Num começo que sei
Acabou em mim e continuou
Na persistente luz dos poentes
No voo recto impossível
Das andorinhas concêntricas
Ao fundo era a ponte possível
Que cruzamos e desistimos
( Então cruzá-la era importante
E voltar possível porque visto de cá )

A ponte temperada de aço preeênsil permanece
Na luz poente da minha varanda
Ainda há finais felizes na tua?
Aqui, agora, há uma tristeza acampada
E andorinhas como sempre

3. A exactidão da Ignorância

E ainda não sei
A soma dos dias
E ainda bem
Que ainda moro os dias

A progressão simétrica
Ou outra qualquer
A soma
A permanente soma
De traço de tinta de som

Nesta poesia
Minha
Não de posse ou detenção
Mas de geração
Emersão

( O Norte da bússola és tu
E nada mais é certo )

quinta-feira, agosto 21, 2008

Desde Maio

Entre a ausência e a parede agarro-me hera. Outra era. Uma nova era. Sinuoso, que os anos complicaram-me, arredondaram-me as formas e as ideias. Agarrado, que a solidez de muro é minha por defeito, feitio e orgulho. Tenho uma espada encostada a uma parede. É um sabre. Dentes. Lutar com unhas e dentes. Agora enferruja pacífico no encosto de entre móveis. Imóvel.

Decidi um regresso. Desde Maio. Mais Tempo durará mais tempo.