quarta-feira, julho 13, 2005

Outros Padrões

Queria medir o tempo sem relógios
Só com andamentos de sinfonias
Ou capítulos de livros

Queria deixar passar os segundos-som
Os minutos-parágrafos, as horas poemas sinfónicos
Os dias feitos vidas de mil páginas

Queria esquecer o tic-tac incómodo
O som maldito do despertador
A badalada fúnebre
O repicar a batizar ou a casar

Não gosto dos sinos da minha aldeia
Ou dos mostradores oficiais dos bancos
Perfiro o som dos pássaros
O guinchar de fome das crianças a chamar p'ra mesa

Perfiro o rumor das estrelas e as canções da brisa
O mar de Debussy entrando pelas quatro estações de Vivaldi
As montanhas mágicas onde morrem os dias de Inverno
Os verdes campos que fluem pelos verdes anos

O som pulsante, arritmico da vida escrita
O som divino das batutas dos mortos
Soprados das pautas amarelas
Faiscantes como superficies de cd's
Perenes como o tempo e como o nada

1 Comments:

Blogger maria said...

eu não sei medir nada...
às vezes, já nem os saltos de respirar me acompanham leves.

Acordei.
Subitamente abri os olhos e continuava a ser noite.
Em meu redor a escuridão mantinha-se. Parecia que se tinha colado à minha pele. Não me largava. Fazia já parte de mim.
E como se não bastasse esta noite perene havia o barulho de fundo de um vento assustador que parecia querer varrer para longe os melhores sonhos.
Abri os olhos. Continuava morta.
Ouvia a vida possível à minha volta.
Liguei a música, recheada de vozes infantis, tentei sonhar-me vida, uma vez apenas que fosse possível dar-me tal luxo. Não consegui.
Deixei de estar aqui. Deixei de me conhecer gente. Morri e nem percebi. De vez. Definitivamente.
Sim. Que é possível fingir alegria onde já não corre o sangue.

...
depois finjo que sonho coisas destas,
e Acordo!
:)

quinta-feira, julho 21, 2005  

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