sexta-feira, setembro 02, 2005

A uma exigente

Caído na asneira de lhe dizer que não escrevo feliz, invectivou-me, abanando fúria separações iminentes, um texto novo, um texto já. Toda a minha vida fui movido a lágrimas, a felicidade é para usufruir, não para descrever. Tenho medo de esgotar sentimentos verbalizando-os, falar de quê, se só o amor me domina, e falar de amor é blasé, o importante é fazê-lo, torná-lo maior, não dependurá-lo num edifício vácuo de palavras, não vãs, mas desnecessárias.
Bem, é suposto dar prendas às caras metades, e fazendo, pelos cálculos distorcidos da menina um mês de romance lá para domingo, vou, com o risco da redundância, da vacuidade, oferecer-lhe uns versos fresquinhos, e aproveitar para lhe dizer: vales a pena!

Habituado a ver minha vida planície vasta
Num abraço intenso banhado em sons d’África
A minha solidão acordou bruta e disse basta
Montes queria a minha solidão, coisa pouca

Um beijo, dois, e surge repentino o nó que ata
E dois corpos agarrados em música louca
Viram a vertigem doce que a saudade mata
E da boca a palavra amor surgiu algo rouca

Agora na distância relativa de um pouco mais de tempo
Cuido deste amor com desvelos, planta frágil
Tento no vagar dos dias erguer-lhe altar ou templo

Nada é demais para ti, amor da palavra ágil
Param-me é as mãos, como faltando espaço
Nesta minha vida para tanto abraço

7 Comments:

Blogger maria said...

:)

Há expressões que, ainda que ao nascer não se saiba bem a força que acabam por ter, valem por muitas palavras… e, oh, como eu gosto de palavras…

Há também umas ideias, que ditas de certo modo, podem perder colorido… nunca é assim, quando te enrolas nas letras e crias cantigas!
Há hábitos que nos enformam os dias e que, porque a inércia deve ser das forças mais devastadoras da criatura humana, nos prendem os passos… ora, não foi assim, aqui!
Há abraços que apertam mais dentro da alma que os dois braços à volta do peito.
Há solidões que se desmoronam, ainda que a distância teime. Quando, dizem basta!
Há, a dado instante, o beijo. Talvez a música, quem sabe, vertigem…
Há luz, há lua, há mar e desejo. Importa dar-lhe brilho, ondulá-lo forte, dar-lhe abrigo…
Há amor. E a palavra não se gasta.
Há esperas… e a minha fez todo o sentido!
És!

Há expressões de vida, como aquela, desta partida:
Quero-te. Muito. Nunca demais.

sexta-feira, setembro 02, 2005  
Blogger Rosario Andrade said...

So para dizer
Ola!
Descubri o teu blogue atraves de um outro. E GOSTO. Vou tornar-me assidua.
Tambem eu tenho vinte anos de Coimbra nas veias...
Abracicos

sexta-feira, setembro 02, 2005  
Blogger GNM said...

É sempre muito doce encontrar um blog de boa poesia...

sábado, setembro 03, 2005  
Blogger batista filho said...

Disseste - e bem -, muito bem. Nem demais, nem de menos. Disseste o que há pra ser dito. Um abraço fraterno.

domingo, setembro 04, 2005  
Blogger mar revolto said...

Magnifico post...Adorei mesmo!
Uma boa semana
Beijokas

domingo, setembro 04, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Hoje é domingo... Domingo de um mês de romance! Parabéns aos dois!!!

domingo, setembro 04, 2005  
Blogger Geosapiens said...

...esperemos que a exigência se mantenha passados dois meses...e que tu gostes e o aches um desafio...quanto aos versos estão soberbos...um abraço...

domingo, setembro 11, 2005  

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