quarta-feira, novembro 02, 2005

Finados

Sereno em mim está o amor defunto
Na campa florida por outras visitas
Anualmente é dia de finados
É suposto está romagem mórbida

Persigno-me com o gesto leve inconsciente
De um ritual alheio e entranhado
Gesto há muito ensinado agora desaprendido
Ainda o faço como que a voltear um chapéu

Saudação reflectida como cara em lago
Tremida de brisas poluída de folhas
Olho a lápide e o nome já nem leio
São memórias que já não guardo aqui

Sei-te no meu coração adormecida
Vejo-te estendida muda e nula
Penso em ti demasiadas vezes
Venho aqui demasiadas vezes

Desejo novamente um mundo sem ti
Mas é inútil rogar à surda memória
Foste vento bom na minha vela
Nas tábuas de meu barco ainda se vê o teu sal

3 Comments:

Blogger maria said...

:)
nas tábuas desse barco que és tu, será sempre esse, O Sal...

quarta-feira, novembro 02, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Um abracito!

quarta-feira, novembro 02, 2005  
Blogger isabel mendes ferreira said...

..."nas tábuas de meu barco ainda se vê o teu sal."
é a primeira vez que aqui venho e a surpresa é tão de maravilhar que vou voltar...voltar.....voltar até que se evapore todo o sal....abraço. gostei. mt.

quinta-feira, novembro 03, 2005  

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