sexta-feira, maio 26, 2006

Docktor

Remeto a responsabilidade para outro que não eu, finto, iludo e iludo-me; sou soberano na soberba de sonegar a soma certa da culpa. Freud. Andei a ler umas coisas com os cento e cinquenta anos do Herr. Não me especializei, ilustrei-me; sobretudo no espesso com as ilustrações magnificas do Saraiva. O Herr era Checo quando o pensava Austríaco; o Herr era um prodígio que oscilava entre a vocação mais lucrativa; o Herr roubava descaradamente ideias, e indignava-se com escarcéu com o idiota original; o Herr era giro e tinha estilo. Andou doze anos a mamar cocaína; e gostava. O Herr pegou no Teatro Grego e inventou a Tragédia Moderna. O Herr era muito giro. Foi o primeiro a encarar a criança em nós e ver nela sementes indeléveis do adulto nós. O Herr fugiu do outro Austríaco que afinal era Alemão; o Herr morreu na Londres ainda virgem das asas das V2, mas se as tivesse baptizado seriam EU3. Gosto do Herr. Não me recordo de ter tido vontades infantis de matar o papá, e quanto à mamã, faz-me falta e amava-me; o Herr deve ter sido apalpado por um tio, a achava que todos os tios eram mãos largas de ternura. O Herr era giro, o Herr é importante. Mas não se curou a ele próprio, e cá para mim pôs mais gente doente do que havia dantes. O Herr colocou o sexo na ribalta de onde ele nunca tinha saído, e ficou contente. Era uma espécie de Hollywood antes do tempo, ganhando a vida com re-runs. Gosto muito do Herr.

5 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

quase Kafka a saltar de linha em linha...a caminho de um mar de afectos....



soubera eu Paulo dizer assim...


beijo:::::::::::::::::te.

sexta-feira, maio 26, 2006  
Blogger alice said...

bom fim de semana, paulo

beijinho,

alice

sexta-feira, maio 26, 2006  
Blogger alice said...

há sol no teu coração?






beijo,

alice

domingo, maio 28, 2006  
Blogger Mãe said...

Eu também.
Já tentei deixar de gostar. Várias vezes. Não consegui.
Agora estou a tentar pacificar e estabilizar a minha relação com ele. Mas também não dá. Ele não deixa. Teima em impressionar-me, em fascinar-me com um qualquer rasgo de genialidade e logo a seguir em irritar-me quase enfurecer-me com um qualquer rasgo de dogmatismo fundamentalista.

Mas acho que vamos acabar por conseguir construir uma relação sólida. Acredito nisso.
Já consegui pelo menos perceber que grande parte dos nossos problemas vinham de interferências externas: Vinham das leituras excessivas que fiz de interpretações subjectivas (que proliferam) dos seus escritos, que, na ânsia de lhe conferir actualidade acabam por anacronizar palavras absolutamente visionárias.


Bj

segunda-feira, maio 29, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

aqui. sem sol. com sal. beijo-te.

terça-feira, maio 30, 2006  

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