segunda-feira, setembro 19, 2005

Folha Seca

Vai até onde te levam, folha seca
Vai no vento desses hálitos, onde te sopram
As bocas dos que ordenam teus destinos
Vai na frase, vai no grito, vai no olhar duro
Vai, mas não penses que é futuro

Esse construirás com os teus sonhos se os tiveres
Com a mais que certa lágrima, com a segura dor
Com o tijolo roubado, a argamassa podre
Com a tristeza de saberes que nada sabes
Dessa vontade que te leva a construir

Eu não. Eu escolhi ficar aqui neste meu canto
A sonhar estes meus sonhos derradeiros
Escolhi, não fui escolhido, e não me importa
Que venha dessa escolha a mais que certa lágrima
A mais segura dor, a tristeza de tudo saber

Desta vontade que me traz imóvel
Desta certeza que me faz quieto
Destes sonhos que imateriais me fundam
Graníticos alicerces do que sou
Soldados ao exercício do vento

4 Comments:

Blogger maria said...

Vai até onde te levam... marés. Escolho mares de estrelas, já que de sonhos anda a tristeza cheia e a imobilidade cantada.
Que venha dessa escolha... futuro. que as horas de ontem são já passadas e as que espero quero-as ali em frente, n'outro final de contagem de tempo, de aportar perto de casa. Reconstruida.

segunda-feira, setembro 19, 2005  
Blogger maria said...

da Vontade que nos prende, quietos
pela Certeza que nos traz, imóveis
Graníticos alicerces começam a fundar-me os dias.
Ao exercício de quem sou

(apeteceu-me vir aqui brincar com as tuas palavras!)

Bom dia!

terça-feira, setembro 20, 2005  
Blogger mfc said...

A métrica e as palavras enérgicas e determinadas fizeram-me lembrar o Cântico Negro de José Régio.

terça-feira, setembro 20, 2005  
Blogger Rosario Andrade said...

Muito bom! Fluido e forte, mas terno e vulnerável!
Abracicos!

terça-feira, setembro 20, 2005  

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