quinta-feira, setembro 15, 2005

Olha

1- Donde veio o som do teu olhar
O cheiro do teu ir
Onde está agora?
Onde foi que se perdeu o futuro de nós,
O desejo de sermos mais?
Olha, pergunta antes ao vento porque sopra
À chuva porque te molha
Olha
E se vires mais do que eu,
escreve uma carta, ou fabrica um mapa
E eu, voltando a ver a sombra do teu cheiro
Ei-de lê-la
Guiar-me-ei por ele

2- Donde partiu o comboio que apanhei
Na manhã que não foi o que queria?
Onde estou agora?
Já não sei a hora da partida, ou se parti
Descansa, porém
Há mais comboios de partidas apitadas
Há mais caras cortadas a procura de teus sonhos
Olha, não perguntes
Dá um passo em frente
Afirma-te
Grita na cara do vento, chove tu
Sê a glória no teu próprio céu
E se depois, devagarinho
Descobrires que eu te falto
Escreve uma carta, fabrica um mapa
E manda-los pelos correios
Não convêm nada confiar destinos
A cartas que não levem selos

3- Não convêm nada jogar no vento
Os ases que nasceram duques
E se eles cresceram, deixa-os ser
Ou não
Afirma-te, cospe no destino
Que da tua boca só saem rosas

4- Eu, continuarei comendo esperanças
Como quem come caracóis, ou algo
Terei, espero, sempre apetite p’ra esperanças
E se quiser, um dia, a sombra do teu cheiro
Vou escrever a carta, jogar no mapa
Dar aos duques a devida vénia,
Aos ases o merecido aplauso

5- Amo-te
Mas não sei se vai crescer este amor
Ou morrer devagarinho como morrem rosas
Olha, vou perguntar ao vento, à chuva
Depois, havendo réplica
Saberei afinal qu’éramos sismo
E tremerei devagarinho de lembranças tuas

6 Comments:

Blogger maria said...

a minha Carta-Mapa foi escrita há já alguns dias...
Foi entregue. Em mão.
Julguei que não precisava de "selo"... porque É!

*

quinta-feira, setembro 15, 2005  
Blogger paulo said...

E ficando ali, ao meu alcance
A tua mão, teu braço
Não lhes toquei, inquieto
Julgando-os armadilha, ou laço

Depois não resistindo
Pus mão na mão, boca com boca
E sendo prisão, é doce e pouca
Com céu estrelas sol por cima

sexta-feira, setembro 16, 2005  
Blogger mfc said...

Todos trememos quando amamos. Aquele tremor fantástico que nos percorre o corpo, quando estamos enamorados!

sexta-feira, setembro 16, 2005  
Blogger Rita said...

não tens noção do sorriso enorme que provocou em mim o teu último comentário, no meu branco [como tu disseste, uma vez]..
talvez não possa ser sempre seis em vez de 6. ou nove em vez de 9. mas pode ser algumas vezes, sim.. e eu nem me lembrava disso.
oh, coisas pequenas.. e fazem tanto sentido.
obrigada, mesmo.

e parabéns por este post. andas de mãos dadas com as letras, eu acho. *

sexta-feira, setembro 16, 2005  
Blogger Rita said...

[acabei de descobrir que, afinal, já te tinha agradecido no post anterior.. bah. ando-me a repetir.
de qualquer das maneiras, nunca é demais agradecer um sorriso! é..?]

sexta-feira, setembro 16, 2005  
Blogger batista filho said...

Nossa aparelhagem cá da ilha, que não é de última geração, registrou um abalo sísmico incomum... acompanhando teus versos agora entendo.
Um abraço.

sábado, setembro 17, 2005  

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