terça-feira, julho 11, 2006

E a Tua Ausência

Hoje queria desistir do dia como desisti de ti, assim, sem fanfarra nem bombos, sem lágrimas ou gritos. Mas o dia não deixou, caindo sereno no seu slow motion urbano, civilizados dias deste tempo, onde se o sol se põe não o vejo, coberto neste pátio granítico pelo verde exuberante, ai as memórias de ti perdê-las como quem perdesse cinco tostões ó que maçada já não compro uma pirata daquelas que traziam cromos com comboios. Nesse tempo eu gostava de comboios, e de pastilhas, rosadas, amorangadas, e fazia balões translúcidos como vejo agora o meu futuro. Uma bolha precária, mas bela por ser precária e amorangada. Olha, perdi-te como quem perdeu a hipótese de uma pastilha. Sei amanhã pela lógica madura das coisas, não me apetece mais hoje venha então amanhã com as cores que trouxer, mas sem ti. Cobra eu troquei a pele e agora a memória da pele jaz escamada em mim; não troquei, só cresci para lá da dimensão cutânea. Amor? Bolas, até dói. Mas dói sem ti, pelo primeiro dia, sem fanfarras nem bombos, só uma banda num coreto de Caminha que tem dois coretos na praça, e onde num Verão quente como vodka eu vi duas bandas em guerra, e uma ganhou por knock-out. É, este dia ganhou-me aos pontos, num fim de tarde de antologia a olhar a Ria cheia de gaivotas das de plástico e sem chorar. Amanhã. Amanhã ás cinco nem chá nem deserto, vento na cara e a tua ausência.

1 Comments:

Blogger alice said...

ainda bem que voltei, paulo

ontem não tinha lido este post tão bonito

amanhã, às cinco ou a outra hora qualquer do infinito, volto para beber chã contigo

beijinho

alice

quinta-feira, julho 13, 2006  

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