quarta-feira, janeiro 02, 2008

Janeiro

Escrever longo. O apetite de escrever longo. O longo é estranho ao Homem. Somos cronologicamente pequenos. Como escrever o longo? Porquê escrever o longo? A Glória. Só pela Glória. Que será felizmente curta. Escrever então curto? À medida do talento.

Correr o anagrama. Seguir a hélice tripla. Seguir na exacta esperança. Cumpri-nos. Não como se fosse necessário, mas porque é evidente. A tremenda tatuagem da vida. Implícita e simples. Transcutânea, no sentido de ver a veia sob a pele e saber sangue e movimento.

A trepidação ferroviária, sobre carris, alinhada a ferro. De costas para o sentido da marcha, a paisagem rebobinante. O quotidiano a recuperar-me sobre os carris paralelos. O ano a despontar com o pesponto dos de antes. E o frio de Janeiro com o seu cheiro a esperanças.

2 Comments:

Blogger Sophie said...

(...)
Já não tenho casa.
Fiz do desabrigo um imenso campo de anis e flores altas.
A minha cama é essa planície onde os animais se deitam, sem pensar em nada.
Por isso não quero a mentira dos povos, as estátuas de bronze, as armas brancas atrás das costas.
Quero um barco de papel, um espelho de água, um lago.
Mais nada.

José Agostinho Baptista, "Mais Um Ano" in Esta Voz é Quase o Vento

Esperança. No ano que começa.

XI

quinta-feira, janeiro 03, 2008  
Blogger Rita said...

sempre achei Janeiro o mês mais frio de todos. é isso.

um beijinho e um ano feliz (acho que ainda vou a tempo). *

domingo, janeiro 20, 2008  

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