Derreter
A derreter na boca de desejo crónico
De tua boca o sabor irónico
Das lembranças fazemos cofre o coração
Das palavras ocas cavernas de Ali Bábá a minha boca
Tesouros, tesouros, que guardo para ti e de ti
E sabendo sempre mal guardados
Os pedaços de meu corpo erm ti largados
Esqueceste já a palavra mágica que me abria
Lambo os dentes com perícias de dentista
Tentando detectar a mais pequena bactéria ainda tua
É vã a busca na ponta desta língua só há papilas saudade
Morreu há muito teu sabor intenso, teu carnal incenso
Às minhas mãos já não morre a tua pequena morte
O gozo desses dias já esqueceu o peso dos teus seios
E é soó de anseios o jogo que joga minha língua nos meus dentes
A minha romagem a este museu de ti
Volta a volta das danças antigas não volto a ver
Nada senão a ténue melodia que gemias para mim
Os teus olhos baços de ter ido e ter voltado
Na cavalgada fantástica de um corcel alado
Resta à minha cabeça agora triste
O saber de ti mais de que muitos
Saber-te percorrida, mapeada
Território, fronteira, andada estrada.
8 Comments:
Essa geografia...
Lembranças do que não se sabe, do que apenas se anteviu, intuiu, pressentiu, estremeceu, quis. Morreu.
Mapa. Território. Fronteira…
Linhas que não se passam. Caminhos que não conheceremos nunca. Vazio? Não… não é o vazio que nos ganha a estrada, que nos falta no caminho (que apenas imaginamos percorrido)… É o medo. Sempre o medo. Esse grande ausente do delírio. Esse permanente companheiro … da vida.
É o medo.
De ser. De nos atrevermos a fazer.
E, por isso,
Fugir.
Correr para não cair…
olha, se este foi escrito há pouco, "topa" aqui a linha de inspiração: «...O gozo desses dias já esqueceu o peso dos teus seios...» de tanto falar do teste do lápis... tinha que dar nisto! eu bem digo à nossa amiga, é questão de copa! :)
Sim, tens razão, escrevo demasiado... é que gosto mais de andar por aqui nas leituras alheias e comments a partir delas, que lá nas minhas lides, de escrita primeiro para leituras de seguida... ups... encher-te aqui o pedaço, essa é que é essa! Esta!
Preparei-te uma surpresa!
bonita surpresa.
"Bonita surpresa"... nem gostaste!
Gostei. Estava só a ser coquete.
Se te dás ao luxo de ser coquete, permito-me amarrar a burra. Já amarrei...
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