Figueira
E na estação nova olho mais uma vez os pombos e irrita-me a sua subesserviência; cabeças baixas a rezar a eventual migalha. Dantes, só havia pombos nas praças grandes. Fugiam das pessoas em bloco, com um som largo de asa e medo. Agora mendigam. Pobres pombos; pobres praças; pobres estações.
D'arrancada, depois da inevitável espera. Larga daqui, comboio, quero o Mondego à janela. Depois, os campos verdes de Montemor; quero ver garças hoje, comboio, quero ver garças; quero esquecer a servidão dos pombos.
Os campos de arroz agitam-se no vento em matizes de todos os verdes; um tapete.
Agora mar e praia, agora um vento de miséria que arranca a areia e a chuta para os olhos em pontapés de gozo.
E volto para trás; também já vi o mar.
7 Comments:
tenho o mar ao fundo da rua. Toma...
Mas não deito a Figueira ao lixo. Aliás, devo lá voltar em breve! Prometo lembrar-me dos teus pombos
Lembra-te antes das gaivotas; mesmo as de terra
Há coisas melhores para me lembrar. Digo eu de que...
o campo...
eu escolho sempre lembrar o verde e os diferentíssimos verdes que só ali, naquele campo, há!
eu gosto de pombos, até do ar maltrapilho desengonçado dos passitos apressados que dão, quando em vez de se fazerem altivos no voo, escolhem andar no chão.
gosto de tudo que é bicharada, talvez seja isso... o meu mal e o meu bem. Gosto até das pombas, que nada fazem, até já quase nem da Paz se guardam como imagem...
estou um bocadinho fechada em casa, demasiado...
Ontem devia ter ido ver o mar!
Ver o mar faz bem, até às pombas!
é o que se chama de chave d'ouro
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