sexta-feira, novembro 25, 2005

A voz mais ampla

Trabalhar a palavra como coisa sólida
Como quem trabalhasse pedra ou madeira
Como quem lançasse pontes ou parasse rios
Trabalhar a palavra como som condensado

Fluida a palavra, esguia enguia escorregante
( já pegaste uma enguia entre as águas da Ria? )
A palavra é mas não está, soa e voa
( já viste a andorinha ao entardecer nas Primaveras? )

A velha metáfora do pastor de palavras
Caneta cajado tinta cão ovelhas brancas
Faze-las crescer e faze-las lãs e queijos
Poeta velho seguidor de malhas de som

Não é teu o rebanho que te arrebanha
Nas frases que burilas de nada e ar
Guarda-margens talvez te servisse
Os rios são sempre a descer, fácil caminho

A rotina do versejar em quadras
O limite do A4 como fronteira embebida
O verso pelo verso porque verso há muito
O saber verso o verso de tudo

Já não me chegam, estou cansado
Desta rotina quadrangular espartilhante
Mas mais não sei curto talento
Sonho portanto palavras mais dóceis

A voz mais ampla

1 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

boa tarde voz AMPLA....muito ampla.

sexta-feira, novembro 25, 2005  

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