quarta-feira, dezembro 07, 2005

Mais de Metade é Muito

Mais de metade é muito
Sendo eu nunca o inteiro
Menos de tudo já basta
Sendo nós tudo o que resta

Fados e rodriguinhos largam a pena
Numa elegia a amores presentes
E lembro Borges cantado por Caetano
E tango contigo tango comigo

E queria escrever num surrealismo palpitante
As estórias de nós de ti d’instante
E queria ser da música fiel costureirinha
Para bordar a sangue e prata abraço e sol

Não não deixa a minha alma métrica
Descoser o meu verso em aresta viva
Só escrevo a redonda onda silábica
Certinha como pupilo do exército
Em pátio quadrangular disciplinado

Arre! E cheiro Almada neste Arre!
Morra Dantas, Pim! E que Dantas tenho eu?
A chibata jaz no sangue seco, pobre tempo até de bestas
Torturo-me a mim, e não sem gozo
Masoquista espremo versos ao talento nulo

E se?
Nestas linhas de verso sonho a inversão da linha
E olhando o céu felizmente azul, sei estrelas, e mais céu
Felizmente negro
E tu, stella mia, onde te encaixas nesta guerra de mim contra o poema?
Ah! Musa, se tu cá faltasses, não havia olhos quanto mais poesia!
Assim, repito há falta de melhor

Mais de metade é muito
Porque pouco sou eu só
E o verso de dolor fortuito
Não chega, não basta, é pó

8 Comments:

Blogger maria said...

Já não consigo lembrar-me de onde surgiu mais de metade... também não é lembrar que importa,
mais vale fazer história para a frente que contá-la em dias certos de festejos sem bandeira ou com cores trocadas!
Mais de meio, cheira-me, pode ser endereço certo para alguma coisa.
Andar a meio talvez saiba a pouco ou se sinta muito.
Ando, desde que me lembro de ser gente, a afirmar-me em extremos... só gosto muito e só quero tudo. Fazendo do muito tudo e de tudo o universo (Este ou outros, quero lá saber)! interessa apenas que se façam céus, luzes, fios...
carreiro aberto feito estrada que nos conduza,
daqui aí,
de onde estou até onde tu estiveres.

quarta-feira, dezembro 07, 2005  
Blogger maresia said...

muito? e quanto é que é suficiente?

já agora, porque é que tens poucos interesses? gosta de pouca coisa na vida?

quarta-feira, dezembro 07, 2005  
Blogger paulo said...

Nos interesses, sou partidário da intensidade, não da quantidade. O suficiente mede-o o apetite. Elaborando, gosto de livros, de comer e de música; livros quanto posso, comer o que o colestrol deixa, música sempre, no mínimo 8 horas por dia. Aqui, nestes versos, foi uma frase que saíu à mesa, não recordo contexto. Só gostei dela porque é musical. Mais de metade é muito. Metade de nada? O inteiro é tudo? Aqui era talvez sobre uma divisão impossível do nós, já não sei. Saíu assim.

quarta-feira, dezembro 07, 2005  
Blogger isabel mendes ferreira said...

MAIS DE METADE DE TI É MT MELHOR DO QUE O MUITO QUE POR AÍ NAVEGABOA TARDE pAULO....EM PIANÍSSIMO...:)

quarta-feira, dezembro 07, 2005  
Blogger sereno said...

por todo, por inteiro. nunca menos que a metade e sempre mais que ela.

sexta-feira, dezembro 09, 2005  
Blogger mfc said...

Só temos direito a tudo,mas a tudo mesmo!

sexta-feira, dezembro 09, 2005  
Blogger Titá said...

Não te contentes com a metade. A Escrever como escreves revelas ser uma pessoa excepcional, mereces tudo...assim saibas conservar.
Bjs

sábado, dezembro 10, 2005  
Blogger isabel mendes ferreira said...

boa noite Paulo. subscrevo inteiramente o comentário anterior.

domingo, dezembro 11, 2005  

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