segunda-feira, janeiro 09, 2006

Miguel

Na cervejaria, entro a fumar a cigarrilha. Lembro-me de ti, tantos anos, a sair de lá inflamado a triturar um Mercator – Miguel. A esquizofrenia levou-o. Não sei de voltará. A barba de Guevara, apenas loira; o discurso lógico, claro e brilhante; os pressupostos alucinados. E falámos de Cristo, da Fé e da Igreja, do Vale dos Caídos, Salazar e Franco; e falamos ( ainda havia muro, Miguel ) da guerra fria, Estaline, capitalismo e do primado da Lei, e existia sempre em ti o implacável edifício lógico, o silogismo mecânico, a estrutura racional de um homem brilhante. Mas vazio, oco, habitado de alucinação, desconexo e coxo. Queria viver a vida na Lei e pela Lei. A química, que o tornou Homem, colocou-o fora da Vida. Tenho saudades de te ver receber dezanoves triste de não serem vintes.

1 Comments:

Blogger Titá said...

Um beijo para ti, pela tua sensibilidade e franqueza.

segunda-feira, janeiro 09, 2006  

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