segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Estarreja

A cegonha eléctrica
Coroando o poste
De alta tensão

Paradoxo alado
Posto num prato
No topo de um poste

A imagem plácida
No voo
( já viste uma cegonha voar?)
Plana em cruz
quase tanto de asa como extensa
Nunca nada tensa

E o ninho
Construído sobre cabos
Que alimentam sei eu lá quem
Mas que alimentam
Fazem da cegonha
Biónica

E já não peregrina
Já não há Africa
Perdeu o Sul

Metáfora do Império
A calma cegonha
No topo do poste
De alta tensão

Que já não há Sul
No nosso destino
Cegonha eléctrica

Que perdemos África
E ainda bem
Que morrem Impérios
E a gente assenta

Pássaro que se cria
Na ilusão do aço
No zumbido constante
Da corrente alterna
Terna
Para filhos nascidos sedentários
Sem horários
Para partir

Cegonha
Trocada a chaminé de tijolo de barro
por metal rendilhado
( Lembras a tua primeira cegonha?
A minha foi na chaminé de uma fábrica de tijolos )

Arranca o comboio eléctrico
Nómada
E o gosto da cobiça
Do destino alheio
Enche-me a boca
De permanência

Eu também eléctrico
Parto solidário
Com penas
De pássaro

Ainda resta Sul
Agarrado em mim

6 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

os parágrafos podem esperar...?!

b.e.i.j.o Paulo.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006  
Blogger Titá said...

excelente jogo de ideias e de palavras.
Conseguiste colocar um sorriso na minha cara

segunda-feira, fevereiro 06, 2006  
Blogger paulo said...

Os blogs também se abatem?

terça-feira, fevereiro 07, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

tb. Paulo...os blogs tb se abatem...mAS nunca as tuas palavras...beijo. não desfocado.

terça-feira, fevereiro 07, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

Oh Paulo, de todo....apareceu ainda o post não estava acabado....:)


beijos.

terça-feira, fevereiro 07, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

bom dia....eléctrico.


b.e.i.j.o.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006  

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