quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Lamento

Mais Tempo foi concebido como estância de repouso para versos e prosas vácuas. É assim. Não acredito na perenidade das letras, nem das minhas, nem das de ninguém. E neste espaço, pelo menos o meu, a página da frente, actualidades políticas tem a raridade de hóstias depois da missa. Já não há, já foram distribuídas, amanhã às oito.

A frase acima, se publicada neste país há 200 anitos, valer-me-ia um processo inquisitorial.

Ora, apesar de não acreditar na perenidade das letras, acredito na dos espíritos. E o que se passa neste momento com o relacionamento entre Europa e o que se pode chamar de Muçulmanos ( que ao contrário dos Europeus apenas se podem conectar pela religião que professam, e mesmo assim com uma disparidade de cultos e usos muito semelhante à dos cristãos ) aborrece-me um pouco. E por estes motivos:

A Liberdade;
A Igualdade;
A Fraternidade.

Elaborando, é certo que a minha Liberdade cessa quando começa a alheia; na Europa, há muitos milhares de anos convencionou-se que essas fronteiras estariam plasmadas na Lei; e, com altos e baixos, chegou-se aos dias de hoje com um corpo legislativo absolutamente compreensivo sobre Liberdade e Abuso. Quem tem Queixas, tem Tribunais. Não vai para a rua incendiar propriedades, pessoas e ideias. Agora que tanto se fala de Munique, falar-se-ia melhor das piras de livros Nazis a iluminar as noites Bávaras.

A Igualdade, como o próprio nome indica, é bipolar e neutra. Maomé coroado de bomba ofende? A Bandeira de um país como a Dinamarca, promontório de tudo o que de bom a Europa possuí e oferece, a arder nas mãos de javardos, ofende-me. E tem de ofender todos os Europeus, incluindo o Professor Doutor Freitas do Amaral. Se não, esqueceu a Igualdade; e não, não se começam notas daquelas com "Portugal"; começam-se com "O Governo", "O Ministério"; não com o nome da minha Pátria. O Senhor Ministro ofendeu-me.

A Fraternidade. Quer se queira quer não, Portugal é um País Europeu. Países Europeus foram atacados no seu próprio Território ( sim, Senhor Ministro, embaixadas são Províncias, apesar de da sua nota tal não se extrair ); atendendo ao lapso temporal que eu referi acima, eram Actos de Guerra ( e suja ); Senhor Ministro, esqueceu-se da indignação que sentiu quando a Embaixada Americana de Teerão foi invadida, saqueada e os seu Funcionários feitos reféns ? Eu não; nem da minha, nem da sua.

Resumindo: A Imprensa é Livre; O disparate, pelo menos no M.N.E., também; e se alguém, ainda que remotamente acha que eu lhe mostrei a sola do sapato ( e não digo babucha para não considerarem o comentário rácico ) podem ter a certeza absoluta que o fiz. Eu sou livre na sombra da minha Bandeira. Mesmo na memória ardida dela. O Senhor Ministro não. Lamento.

4 Comments:

Blogger Mãe said...

Concordo. Na íntegra. Esta é uma daquelas pequenas grandes questões, uma daquelas melancias que tendemos, (invariavelmente), a transformar em ervilha para que caiba debaixo do colchão. Esta é uma daquelas melancias que, (invariavelmente), acaba por se afirmar como melancia porque as ervilhas não aparecem só porque é mais cómodo para nós pensar nelas enquanto tal.
Respeito as outras culturas, as outras religiões, os outros cultos, e todos os outros "outros". Não posso nem quero respeitar um ministro do Meu país que defende que as Minhas condutas sejam ditadas pelas regras dos manuais sagrados de quem quer que seja (seja o corão ou a bíblia).

quinta-feira, fevereiro 09, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

:) ....porque sim...e como sabes ler....:)

porque sim...deixo um beijo. sem lamentos.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006  
Blogger maresia said...

Fizeste uma oferta! Agora chega-te à frente! Quanto vale uma VIDA?!?! Licitações lá na Onda...

domingo, fevereiro 12, 2006  
Blogger Conceição Paulino said...

uma escrita clara e precisa k vai onde o autor pretende, sem equívocos.
bom f.s

sexta-feira, abril 07, 2006  

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