Tauromaquia
O homem que ri da própria miséria provavelmente não tem os dentes todos; a guerra é a continuação da diplomacia por outros meios; é o sexo a continuação do amor por outros meios? Não sei. E prefiro este não saber Socrático ao querer sair da caverna Platónico; e prefiro amar assim perdidamente ao lutar por ti. Porque perdida é a última batalha, derrotado contra mim no teatro do sonho. Porque o desejo sublimado continua a ser desejo. Porque sim. Porquê não sei. Não sou, nunca serei, um herói do mar. Simplesmente deixei de enfrentar a onda. Afogado em praia. Sedento de ti. Perdido de mim. Nada sei. Sinto que já nada quero saber. Já nem nado. Já nem guerra.
Davides e Golias em bailados assimétricos, trocando de papéis no correr das eras. Sabendo a morte inevitável, mesmo assim lutando. Fundas, as fundas. Profundas e perfurantes, deixando a ferida a cicatriz a nova ferida, num fandango taurino em que a besta é o homem e o homem é a besta. E nada faz a arena. Será a arena a maior besta? Fosse tudo como a Tauromaquia de Goya. Águas-fortes. Sem rubros nem gritos só papel. Queimável perfurando escuridões eternas. À luz da candeia cedo a do papel ardido com tinta ideia e tudo.
A periclitante força da vontade cede em fés vãs ao altar da força de vontade, e eu sigo cada vez mais fraco aos pés do desejo cada vez mais forte. E este sol de Agosto suga-me em vapores de água e sal, mas o sal eras tu e só me esvaio em nadas. Ai sol cessa. E ele cessa mas as pedras guardam-no no correr das noites. Corridas. E a arena nada faz. E eu seco em papel queimável, com tinta ideia e tudo. E eu tu. Definitivamente Golias, profundamente ferido, tremendamente quente, fiel a Goya, a ti e algo triste.
Davides e Golias em bailados assimétricos, trocando de papéis no correr das eras. Sabendo a morte inevitável, mesmo assim lutando. Fundas, as fundas. Profundas e perfurantes, deixando a ferida a cicatriz a nova ferida, num fandango taurino em que a besta é o homem e o homem é a besta. E nada faz a arena. Será a arena a maior besta? Fosse tudo como a Tauromaquia de Goya. Águas-fortes. Sem rubros nem gritos só papel. Queimável perfurando escuridões eternas. À luz da candeia cedo a do papel ardido com tinta ideia e tudo.
A periclitante força da vontade cede em fés vãs ao altar da força de vontade, e eu sigo cada vez mais fraco aos pés do desejo cada vez mais forte. E este sol de Agosto suga-me em vapores de água e sal, mas o sal eras tu e só me esvaio em nadas. Ai sol cessa. E ele cessa mas as pedras guardam-no no correr das noites. Corridas. E a arena nada faz. E eu seco em papel queimável, com tinta ideia e tudo. E eu tu. Definitivamente Golias, profundamente ferido, tremendamente quente, fiel a Goya, a ti e algo triste.
2 Comments:
"e eu tu"....sempre por aqui. mesmo que à distância esvaída...
beijo Paulo.
excelente texto.
quase "rafaelino".
b e i j o .
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