quarta-feira, setembro 06, 2006

Definitivamente

Não é porque não acredito no amanhã que me porto como se não houvesse hoje. Ou ontem. Ontem sei eu que houve. Hoje é aqui e agora. Amanhã não sei. Desconfio, mas não sei. Ouço Summertime tocado por Parker. Sempre me soou outonal. Fui ver. Gravado em 30 Nov. 1949. Onde não diz. Provavelmente em Nova York. Definitivamente Autumn. Autumn in New York cantado pela Billie. Fui pôr. Definitivamente Outono. Definitivamente Duke.

Hoje sentado a olhar o meu canto de Ria, as árvores choviam-me folhas e a Nortada era certinha, como uma conta de muitas parcelas. Esta Estação vai mudar cedo. Mas isso é amanhã. E eu não acredito em amanhã. Nem em mim. Acredito num Summertime. Definitivamente Gershwin. E acredito nas virtudes terapêuticas do Jazz dos anos quarenta. Provavelmente devido à mistura de álcool e heroína e noites brancas. Música negra, pois.

Esta vida é uma droga, o que coloca os farmacêuticos como fiéis do Anticristo. Cristo, que não só acreditava em lírios como curava sem recorrer a pastilhas, teve como primeiro milagre o da água em vinho. Se bem que não tenha nunca sido especificado, acredito que era tinto. Ás vezes, devido à minha educação católica, sonho-me num campo florido agarrado a uma garrafa. Tenho de mudar de medicação. Ou de Fé. Ou de ontem.

2 Comments:

Blogger maria said...

Escreves terrivelmente bem, essa é que é essa!
E estás a ficar especialista das pequenas, ou melhor, das breves crónicas...
Embaladas no melhor das ondas de som!

:) cacei uma nova password! já posso entrar aqui outra vez! :P

quarta-feira, setembro 06, 2006  
Blogger alice said...

não mudes, paulo

nada nem ninguém tem o direito de violar a tua essência tão bela

a tua força há-de ser superior!

acredita em ti. sempre.

um beijinho

alice

quinta-feira, setembro 07, 2006  

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