segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Do Rigorismo

A prosa algorítmica que pratico. A equação sonora. Som. É o que me ocupa as horas longas, os dias estreitos de sol, ainda. Muda a estação. Muda toda agora. Apetece carne e sol. Os óculos fundamentalmente escuros, um sorriso aberto face ao brilho, a luz apropriada. Minha. Dás-me apetites de noites comidas dormidas e satisfeitas. Há uma sensualidade a roçar o nariz como ponta de navalha, um gume. Um gomo, também. A minha língua apropria-se da tua memória tangerina. Uma fruta.

Num equilíbrio justo, como roupa nova. Vi-te de costas num violoncelo carregadinho de amargura, mas não vi som teu. A palavra omitida do desejo acústico, a ondulante curva sublinhada a samba. Ai minha musa música, ai minha curva transtornada.

Um desespero concreto, minha canção discreta. Agita-te numa parada, sê. E se abrires a boca quero hálito de laranja e pêra. Cocktail. As belas caudas das felinas que me ocupam as ruas normalmente vácuas. Sim, a minha besta soltou-se, entre fumo e álcool, numa tenda que não deve nada à barraca solitária azul e mar. A minha praia era só minha. Agora cabes lá tu, fruta e areia. No topo da duna está o topo do mundo, e eu amei-te de olhos na onda. Ou amei a onda dos teus olhos sublinhados a som. As horas longas.

4 Comments:

Blogger maria said...

Sou demasiado concreta para te acompanhar a escrita, lá está... hoje, prova-se de novo. Mais uma vez e as que ainda faltam.
... mas há frases que não preciso perceber para amar.
Como esta
"... Ou amei a onda dos teus olhos sublinhados a som. ..."

terça-feira, fevereiro 20, 2007  
Blogger isabel mendes ferreira said...

as horas longas que dedilhas não são horas. são cordas.

aceradas .


de lume.




duna dunas dunar...tu no rigor de um abstracto longilíneo.


caudal. de que já tinha saudade.


beijo.

terça-feira, fevereiro 20, 2007  
Blogger Sophie said...

Tudo em palavras... uma despedida, um carinho,uma explicação de vida, um sentir único de quem sabe o que sentiu, o que sente, o que vive e quer viver...
Modelo de vida? Mensagem de alma? Não... apenas alguém que sente tudo o que vê, tudo o que toca, o que sente, o que escreve e quer escrever e viver num amanhã.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

fiz bem em vir, paulo. é lindíssimo este post. um beijinho para ti.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007  

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