sábado, janeiro 27, 2007

Da Anatomia

Estruturei a minha cabeça em espirais parvas, que sobem do pouco que conheço a delírios mais ou menos megalómanos. Sou vaidoso, fútil e cruel. Fora isso, gosto da língua, e de mexer com ela. Não gramo a gramática, desprezo a ortografia e não concordo com as concordâncias, mas ao menos sei que elas existem. Rimo para esconder em harmonias sonoras o vácuo do tema, faço o verso em branco quando nem a rima me ocorre. E repito, sei que valho pouco porque nunca ninguém me tentou vender.

Fora isso, e repetindo o outro, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Por vezes, a realidade prega-nos pelos olhos dentro temas óbvios; outras, nada parece merecer uma linha. Tenho dias em que não sinto nada, nem me sinto; tenho outros em que das iras às lágrimas correm segundos, e voltam a correr umas atrás das outras em carrosséis céleres. A minha cabeça trabalha a químicos, o meu coração bate à vista, os meus pés dançam porque amo a música, os meus ouvidos cantam porque adoro ouvir. Fora isso, os meus óculos novos põe-me os olhos mais verdes e comprei umas botas italianas que são um deslumbre.

O verso definitivo será o primeiro ou o último?

Julgar o livro pela capa será o mesmo que julgar o livro pelo título? Já comprei livros de belas capas porque tinham belas capas e li belos livros. Tenho o Lord Jim do Conrad porque gostei da capa, as Memórias do Brás Cubas, do Machado de Assis, foram compradas pelo meu pai numa feira do livro porque ele achou que a lombada valia o preço. Deve ser hereditário. E tenho livros de sonoros títulos que achava que me iam mudar a vida e só me mudaram a intolerância ( para mais ). O aspecto exterior para mim conta, e eu sei que isso é pecado, devemos só olhar os corações. Mas a mim, o coração sempre me pareceu do reino da anatomia.

1 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

eu colho o teu coração.




juro. porque é rei.


xi. apertadinho.

domingo, janeiro 28, 2007  

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