quinta-feira, janeiro 04, 2007

Da Matemática

Capaz de atar uma pedra brutalmente metafórica a este pescoço largo, lançar-me borda fora desta vida, ir. Voar baixo como pássaro cansado num horizonte baço, ave peralta aterrada em lodos, filho de lamas e de desejos baixios. Parecem-me as minhas mãos longe e as vontades básicas. Filho do desejo, abandonaste lar e esperança, e a caridade nunca olhou para ti, nem tu para ela.
Na nova matemática do ser, tu que nunca soubeste a conta, erras porque és, e mais não tens que uma soma de nadas.

Ver para lá da montanha, e compor em tipo raro uma prova tipográfica de um além possível. Saber-me sonho atormentado, pesadelo plácido. Ver no olhar de quem me quer o meu olhar de querer, amar perdidamente porque me encontro em ti. Fazer a pirâmide do verso pare me eternizar nela, e estar nela esperando a renovação da voz. Filho do sol a chuva molha-me de um desgosto etéreo, vão.
Na nova matemática do ser, tu que contavas pelos dedos, erras porque sim, e mais não tens que a consequência de agora.

Trepo a encosta porque a sei descida; no topo acendo o cigarro mais gesto que vontade; desço outra encosta porque a sei subida. A minha cidade corcovada chama-me e eu vou por ela palmilhante e doce. Sei as casas as árvores os pássaros e as pessoas; sei-a toda. E deixo-a vestir-me o verbo de som e cor, de vento e mais. A minha cidade ama-me porque eu sou dela.

Na nova matemática do ser, tu afirmas física, e filosoficamente erras.

2 Comments:

Blogger Sophie said...

Ler-te é incendiar os olhos e gelar os dedos.
É um privilégio sentir tamanha alma.

Um beijo enorme.

sábado, janeiro 06, 2007  
Blogger Chama Violeta said...

...e que o vento possa levar-lhe uma voz
que lhe diz que há um Amigo ou Amiga em algum lugar do Mundo desejando que você esteja bem!!!
Para ti amigo que conheço e para ti amigo que não sei quem és,um Feliz e Mágico 2007 !!!

sábado, janeiro 06, 2007  

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