Da Praia, do Carnaval, do Natal e do Túnel
Tive uma mulher que tinha medo de comboios. Também tinha medo de mim. Há coisas estranhas na vida de um homem. A onda curva sobe a praia no seu som redondo. Um homem cria couraças ao longo da vida. O homem é um tatu, de longas garras e face afilada. Um tronco branco marca a meia praia. Fugir da escolha é escolher. Assim, em cada duas opções há sempre uma terceira. Uma espécie de espírito santo do caminho, só que este convida à passividade o outro à acção, este à indiferença o outro à caridade. A areia muda com o vento e canta tranquila.
Chove sobre mim como tule, lembro Carnavais com véu e álcool, e beijos no pescoço sob penas de índia. Amarro-me sólido à ideia que não mudei porque não foi necessário. Agora na mesma, só perdi tempo. E esse, para mim não vale nada. O imaterial tempo não é um crédito, é uma imersão.
Andei ontem pelas lojas peneirando prendas, os milhares de sorriso uma vez ao ano. Consumir e passear bailando entre as montras e os pinheiros de natal. Dançar perdido um samba-canção. Ouvir Elis a cantar a louvação. Nosso Senhor gosta desta música. Louvando o que bem merece deixa o que é ruim de lado.
O tempo de um adeus é o tempo que se leva a prepará-lo. A vida deu-me calo em despedidas. Ainda dói, mas já não espanta. E a vida é a surpresa. Dizer adeus é um comboio suburbano a entrar em S. Bento. O túnel quase medo, a estação de solidez férrea e já chegamos. Adeus a este, a mais este, adeus. Não sei quem falava de partidas apitadas ( por acaso até sei ); a minha vida é só uma chegada acre.
Chove sobre mim como tule, lembro Carnavais com véu e álcool, e beijos no pescoço sob penas de índia. Amarro-me sólido à ideia que não mudei porque não foi necessário. Agora na mesma, só perdi tempo. E esse, para mim não vale nada. O imaterial tempo não é um crédito, é uma imersão.
Andei ontem pelas lojas peneirando prendas, os milhares de sorriso uma vez ao ano. Consumir e passear bailando entre as montras e os pinheiros de natal. Dançar perdido um samba-canção. Ouvir Elis a cantar a louvação. Nosso Senhor gosta desta música. Louvando o que bem merece deixa o que é ruim de lado.
O tempo de um adeus é o tempo que se leva a prepará-lo. A vida deu-me calo em despedidas. Ainda dói, mas já não espanta. E a vida é a surpresa. Dizer adeus é um comboio suburbano a entrar em S. Bento. O túnel quase medo, a estação de solidez férrea e já chegamos. Adeus a este, a mais este, adeus. Não sei quem falava de partidas apitadas ( por acaso até sei ); a minha vida é só uma chegada acre.
5 Comments:
O que resta do passado é um silêncio rasgado de recordações. Uma melodia que fica.
Por vezes, uma chuva forte perturba este silêncio rasgado em mantos de lembranças.
Um beijo grande
Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso próprio caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no trajecto, há quem mude de idéias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a uma encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar voltar para trás.
Um beijo
atenção à composição que vai dar entrada na linha número um. traz um coração para um transplante. o paciente à espera do órgão é a sociedade. obrigada, paulo. um beijinho.
... o pior é quando são acres os entretantos!
eu percebo as pessoas que têm medo de comboios! normalmente porque se habituam a vê-los partir, ficando quietas no caminho! :)
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