segunda-feira, novembro 20, 2006

Azul

Cada uma das metades cada um dos lados
Porque há sempre um e outro lado
Cada sim e não porque há sempre perguntas
Cada discurso enrolado nas fímbrias da língua

Cada três que é de vez e às vezes não é
Cada mão cada dedo que por vezes são dez
Cada ponto e cada vírgula cada exclamar!
Cada aspa cada hífen a interrogar?

A vida é feita de tijolo branco
Estaleiro de obra e pontes sem lanço
Gatinham os olhos entre massa e reboco
Sem saber ler nem ocupar espaço

Dar conta de tudo o inerte o móvel
Não por minha vontade mas por natureza
Ter das coisas visão como chapa baça
E sentir o ar entre eu e o mundo

Cada um de mim sabe sempre a outro
E cada sabor nunca sabe a si
Vou buscar a nuvem no azul do céu
E na sombra diáfana negar-me o azul