segunda-feira, outubro 16, 2006

Seixo

Passam gaivotas em bando sobre mim como horas de ponta. O mar às riscas azuis e brancas bate seixos em cordão. Colar de mar. Vento exactamente de Norte a alta e constante velocidade. Brilha um inclemente sol.12 de Outubro na praia. Viva o aquecimento global.

Ouvidos forrados a Bach. Suficiente ainda assim para ouvir a onda. Olhos suficientemente escuros para aceitar o sol. Meti um quilo de seixos na mochila, talvez mais. Um deles é um pedaço de quartzo quase rectangular com 15 cm de comprido. Pesado e belo ainda mais quando o vi. A quimera do seixo é o consolo do pobre. Pepitas de nada sal e pancadas, tirar pedras do mar é quebrar o ciclo. Devia ser proibido, qualquer dia não há areia.

O vento impede-me de ler e acender os constantes cigarros. Tinha ideias de duna mas é longe e tenho preguiça. Deitei-me na corcunda da maré alta e fiz uma poltrona diáfana de areia e toalha. Este vento mata-me.

O sindicato foi amigo e marcou a greve num dia de sonho. Os amanhãs que cantam serão assim? A Revolução passa forçosamente pelo grito do mar. Há um couraçado de nome bizarro nos oceanos da revolta. Há um filme de um realismo russo sobre o tombadilho. Há um terrível Ivan que servia de imagem a uns sete mares dos Sétima Legião. As ondas consequentes afirmam na sua gramática tonal a ponderância da insistência. Teorema provado a seixo com sabores a sal.

2 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

ter ideias de "duna"....

é invejável....


saio daqui com o sal do teu vento.


obrigada.

beijo.

quarta-feira, outubro 18, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

sabor sabor a sal...


hoje.


beijo.

quinta-feira, outubro 19, 2006  

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