Dilema
Estava a pensar em discos. Não tenho o “The Birth of Cool”; é uma falha na minha discografia; ri-me. Discoteca. Discografia implicava que eu já tivesse gravado. Só garras em corações desprevenidos. Prender o amor é um acto felino, ferino até. Carícias conquistadas de frio e mio. Catalizadoras de convívio. A distância das festas é um pulo de bichano. Arqueavas as sobrancelhas em costas de gato.
Quatro mãos em dois pianos, deste-me este. Oito mãos não forçosamente em harmonia. Festas e prendas, duo dinâmico; o lado mercenário do ser passa por nós e não magoa; a dádiva é irmã da companhia. Mesmo a caridade implica recompensa; generoso em par é altruísmo estéreo.
Comprei uma serigrafia; chamei-lhe tantas vezes litografia que tive de apanhar um seixo no parque verde para me sentir terreno; está aqui à minha frente e as opiniões dividem-se: há quem diga que parece um feijão, há quem diga que é um polegar. É um seixo concreto, acimentado.
Basicamente, estou a ouvir Laginha. Daí a obsessão por revestimentos. E o frio nasce agora a esta hora. Não tenho é gato, mas isso explica-se porque tenho o quintal cheio de pardais. Outro duo dinâmico. Tenho um Batman novo. Escrito e gravado pelo enorme Miller. Que tenho na parede onde vou ter de pôr um Miguel Rocha. Há dilemas bons.
5 Comments:
que maravilhosa e surpreendente visita me fizeste hoje, paulo, o teu comentário é genial, quase me apeteceu oferecer-te um copo e fazer um brinde contigo, obrigada
adoro dilemas, sobretudo estes, que revelam uma densa cultura, o menino é muito inteligente, vou pedir ao pai natal para ser como tu
beijinho muito grande,
alice
Um dilema meticulosamente delineado que nos transporta numa viagem ao âmago do pensamento em que emoções e sensações se amalgamam :)
Vin aqui segundi o cheiro agridoce da inteligência sensivel que deixaste no blogue da alice.
Gostei muito de deixar a minha alma esvoaçar por aqui.
Voltarei.
Há de facto dilemas bons, escrever ou ficar por aqui mais um pouco.
Opto por ir, apenas porque estou cheia de vontade de escrever.
Isabel
Já cresci por estrelas, já dancei por saudade, já descobri por impulso... fui louca nas manhãs de um mar, e senti que o tempo era apenas o vento a deixar-me viver.
Aprendi a esperar... a escutar... a estar em silêncio; mas a mesma miúda ainda salta de areia em areia à procura das asas perdidas.
Há dilemas bons, sem ter que fechar os olhos muitas vezes.
Beijo
...os teus dilemas são como os seixos....rolam e rolam e vão polindo o texto.
de que gostei. MUITO.
beijo.
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