quarta-feira, novembro 08, 2006

Passos

Atura-me ou atira-me abaixo de ti, desloca-me o braço para novas distâncias, faz de mim outro ou aceita que finalmente não me aceitas. Alone toguether pode a solidão ter graduação como os vinhos, e será perigoso conduzir-me pela vida intoxicado por ti? Ou será como as drogas fumegantes que brumam a cabeça pelas noites e de manhã um desejado nada corre por praias de desembarques vãos?

Ir! Ir sempre foi para mim como jogar a apanhada, escolher o melhor lugar onde invisível esperava a minha vez de ser visto, correr para o coito, ganhar. Ir é para mim circular, não há ponto de partida que não tenha escrito chegada. Fiz da minha vida um entroncamento, e raiz e folhas são eu porque eu sou o elo.

Na minha mão trago escrito o destino no pergaminho da pele mas só acredito nele na medida do meu palmo. Os meus olhos fracos sabem que não vêem o fim, não porque ele não lá esteja, mas porque são fracos. E sei de mim que valho pouco porque nunca ninguém me tentou vender.

Ás vezes a dormir abano-me para acordar e percebo que estava acordado a pensar no sono. Outras caminho pelos dias numa penumbra de gosto que me nega até o sabor de mim. Sei que não há um último número, mas há sempre um último acto. E sei o nosso teatro encerrado, o letreiro apagado, os artistas nas ceias, e um caminho diferente para os nossos passos.

2 Comments:

Blogger Sophie said...

"Ás vezes a dormir abano-me para acordar e percebo que estava acordado a pensar no sono".
A madrugada é mesmo o campo duvidoso de quem não dorme, e as palavras a essa hora, ganham formas e dançam na incerteza do caos, do silêncio angustiante das estrelas que insistem em nos mostrar a luz, mesmo que em pingos.

Um beijinho para ti.

quarta-feira, novembro 08, 2006  
Blogger mfc said...

Na vida nem sempre distinguimos o sonho da realidade!
Depois a desilusão é grande.

quarta-feira, novembro 08, 2006  

Enviar um comentário

<< Home