Meço Distâncias
Meço distâncias no passo dos olhos oblíquos
Avalio o tempo que sobra pelas folhas que restam
Somo a tristeza em dobro porque é liquida
Vejo o mar e sobraço na noção de costa
Tenho na impressão de nada a certeza concreta
Que pesei a alguém que alguém me amou
Tenho na concreta clareza do dia cinza
A massa da nuvem que por mim passou
Debaixo da minha sombra cresce a alga
No duro dos meus olhos anicha a dor
A mão quieta sabe garra e afago
Na boca seca um sabor amargo
Deixo-me e digo-me um adeus acenado
No intervalo entre mim cresce luz
Parto partido e volto invadido
Pela saudade estranha de me saber todo
A evidência do espelho nega-me a transcendência
O atrito do tacto revela-me a substância
Uma leveza de pena ainda assim pesa
Um fio de escrita amarra-me o corpo
Olho um horizonte absolutamente novo
Com um par de olhos que nunca tive
A revolução quotidiana de ser
Faz de cada dia um inquieto impar
Mais ter mais ser mais ver
Antropófago canibal e omnívoro
Sigo por mim uma linha férrea
Feroz de carril e agulha
Saborear a língua numa travessa de folhas
Ser a lombada de um livro aberto
Eixo de mim trancado em mim
Chove-me Novembro gira o mundo em rodas
Olho a janela os rios de chuva o telhado em frente
Olho as minhas mãos que correm as letras
Vejo o verso e sei-o meu e frio
E desejo um desejo ainda que vazio
Avalio o tempo que sobra pelas folhas que restam
Somo a tristeza em dobro porque é liquida
Vejo o mar e sobraço na noção de costa
Tenho na impressão de nada a certeza concreta
Que pesei a alguém que alguém me amou
Tenho na concreta clareza do dia cinza
A massa da nuvem que por mim passou
Debaixo da minha sombra cresce a alga
No duro dos meus olhos anicha a dor
A mão quieta sabe garra e afago
Na boca seca um sabor amargo
Deixo-me e digo-me um adeus acenado
No intervalo entre mim cresce luz
Parto partido e volto invadido
Pela saudade estranha de me saber todo
A evidência do espelho nega-me a transcendência
O atrito do tacto revela-me a substância
Uma leveza de pena ainda assim pesa
Um fio de escrita amarra-me o corpo
Olho um horizonte absolutamente novo
Com um par de olhos que nunca tive
A revolução quotidiana de ser
Faz de cada dia um inquieto impar
Mais ter mais ser mais ver
Antropófago canibal e omnívoro
Sigo por mim uma linha férrea
Feroz de carril e agulha
Saborear a língua numa travessa de folhas
Ser a lombada de um livro aberto
Eixo de mim trancado em mim
Chove-me Novembro gira o mundo em rodas
Olho a janela os rios de chuva o telhado em frente
Olho as minhas mãos que correm as letras
Vejo o verso e sei-o meu e frio
E desejo um desejo ainda que vazio
2 Comments:
Dizem que o paraíso é aqui.
Seja ele qual for.
Seja ele onde for.
E ao contrário de Dante, diante da sua comédia, ele sorri para todos. Sem exigir pressa. Nem promessa. Só educação. Fina. Depurada. Virtude sagrada. Luxo absoluto que nunca sai de moda. Atitude típica de quem leva a vida com glamour. Sem peso. Com consciência. Essência da convivência democrática. Fantasias de um Éden que não exige santidade, apenas verdade. Que entre tantos e incontáveis paraísos desvendados, seja este, em particular, seu.
E tão somente único como deve ser quem se admira.
Com afecto, de certo, inestimável.
Adorei o teu texto, as tuas palavras são vestidas a carácter e repletas dele.
Beijo
Enquanto vivermos, sempre desejaremos.
Enviar um comentário
<< Home