segunda-feira, novembro 27, 2006

Sorriso

Fazer o texto como se criasse artesanato bélico; arma-lo de espada lança escudo, elmo armadura e maça. Construir em barragem de imensa altura; reter a água ao ponto de cheia e não poder mais e lançar frase. Repintar a sistina com ainda maior esmero, domar a cor e possuir a luz. Falar. Escrever é reproduzir, não criar.

O canto do melro no cair da noite. Um solo claro de um instrumento obscuro. Um amor. Não me vale a letra. Parca, a letra. E muito mundo e coisas nele. Pouco tempo. Depressa corrias para mim e eu não te sabia lá nem cá. Sabia-me na distante parte do não tu. Ter é transitivo ou transitório?

No cavalo de tróia dos cabelos de alguém fui invadido de saudades doutra. O circular discurso enreda-me e acabo calado. Trocar de quadro é trocar de modo. Parece-me que insistir na letra, não sendo útil, é bom. E o sentido estético do esforço improdutivo sempre me tocou. Antes nada dizer que dizer o nada e essas coisas todas. Trocava qualquer coisa por um sorriso.

2 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

Antes nada dizer que dizer o nada



________________dizes Tu.


antes dizer assim que não dizer.


quem dera saber. tb. o dizer.

segunda-feira, novembro 27, 2006  
Blogger Sophie said...

:-))))

O meu sorriso para ti.
Beijo

segunda-feira, novembro 27, 2006  

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