quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Pena

Sábado às duas passo como sempre sob os Arcos do Jardim, leva-me desta vez o 24. À esquerda o Papa braços abertos frente a sede da Académica, numa benção que todos sabem ser uma maldição ( corre o boato que na inauguração da estátua o presidente da altura terá lançado um galhardete para as fundações, e desde aí que paira uma sombra demoníaca entre aquela estátua e aquela sede). O autocarro pára, respeitando a rotunda. A direita a malta acumula-se no portão da Penitenciaria, esperando a visita.

Numa trilogia algo coxa, religião futebol e expiação, precedidas a aqueduto e sucedidas à descida para a minha Praça da República, causam-me uma sensação de irrealidade crua, como se a vida ali condensada fosse toda feia. Nem as sombras do Botânico nas minhas costas, nem os livros que vou comprar apaziguam a sensação de estupidez das causas e das coisas. Tenho bilhetes para a Académica, que ainda não sei que vou ver perder, tenho uma ida ao cinema e uma esperança de mais. Mas ali, naquela linha frágil entre homens, símbolos e coisas, tive pena de mim e da minha Cidade.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

querido paulo. fui duas vezes ao outro tempo de ti. não sei o que dizer lá. as respostas passaram na minha rua quando eu estava fora. o ancião que morava em frente. tudo sabia do que procuras. mas morreu no dia em que eu nasci. maldição! não posso ser útil. desculpa. este post aqui está bonito. é uma pena eu não saber mais nada. beijinho *

quinta-feira, março 01, 2007  
Blogger isabel mendes ferreira said...

cheguei.

trago um bilhete para sempre.


saudades. morria. de .



olá Paulo....

sexta-feira, março 02, 2007  
Blogger paulo said...

Oi manas!!!!

sexta-feira, março 02, 2007  
Anonymous Anónimo said...

é maravilhoso o que acabas de escrever. adoro o castelo de são jorge. acho lindo alguém pensar em mim ao meio dia. estou emocionada. obrigada, paulo. querido mano ;)*

sexta-feira, março 02, 2007  
Blogger banalidadesdebase said...

merci, pela visita
temos todos diferentes tempos
gostei do teu outro tempo
inda que meu tempo escasso me permita quase nada mas trabalho que gosto.
venho e leio e sigo,
vou deixando passos invisiveis na tua escrita...isso basta-me - o contacto com boa escrita!
Tudo bem por aqui e ali, agora de trouxa sempre as costas!
Um abraco!

domingo, março 04, 2007  

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