Pena
Sábado às duas passo como sempre sob os Arcos do Jardim, leva-me desta vez o 24. À esquerda o Papa braços abertos frente a sede da Académica, numa benção que todos sabem ser uma maldição ( corre o boato que na inauguração da estátua o presidente da altura terá lançado um galhardete para as fundações, e desde aí que paira uma sombra demoníaca entre aquela estátua e aquela sede). O autocarro pára, respeitando a rotunda. A direita a malta acumula-se no portão da Penitenciaria, esperando a visita.
Numa trilogia algo coxa, religião futebol e expiação, precedidas a aqueduto e sucedidas à descida para a minha Praça da República, causam-me uma sensação de irrealidade crua, como se a vida ali condensada fosse toda feia. Nem as sombras do Botânico nas minhas costas, nem os livros que vou comprar apaziguam a sensação de estupidez das causas e das coisas. Tenho bilhetes para a Académica, que ainda não sei que vou ver perder, tenho uma ida ao cinema e uma esperança de mais. Mas ali, naquela linha frágil entre homens, símbolos e coisas, tive pena de mim e da minha Cidade.
5 Comments:
querido paulo. fui duas vezes ao outro tempo de ti. não sei o que dizer lá. as respostas passaram na minha rua quando eu estava fora. o ancião que morava em frente. tudo sabia do que procuras. mas morreu no dia em que eu nasci. maldição! não posso ser útil. desculpa. este post aqui está bonito. é uma pena eu não saber mais nada. beijinho *
cheguei.
trago um bilhete para sempre.
saudades. morria. de .
olá Paulo....
Oi manas!!!!
é maravilhoso o que acabas de escrever. adoro o castelo de são jorge. acho lindo alguém pensar em mim ao meio dia. estou emocionada. obrigada, paulo. querido mano ;)*
merci, pela visita
temos todos diferentes tempos
gostei do teu outro tempo
inda que meu tempo escasso me permita quase nada mas trabalho que gosto.
venho e leio e sigo,
vou deixando passos invisiveis na tua escrita...isso basta-me - o contacto com boa escrita!
Tudo bem por aqui e ali, agora de trouxa sempre as costas!
Um abraco!
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