Das palavras
Das palavras como tijolos
Que constróem meus arquitectados versos
Somo números que retiro a plantas
Precisas
Alicerce, parede, telhado
Tenho aos meus versos o amor pedreiro
Do que constroí, com suor e argamassa
Altivo edifício
Ergo-os no céu antes plano
Amarro-os aos ventos
Exponho-os aos olhares de quem passa
De quem os habita
Mesmo que seja só eu o fantasma desses sítios
Mesmo que mais ninguém sonhe poentes debruçado em suas janelas
Meus arquitectados versos
Mesmo os mais espontâneos
Alicerce, parede, telhado
Amarrados a amor pedreiro
No meu cérebro enclausurados
Recuperam liberdades matraqueados por estes dedos agéis
Vão para o ecrã olhar para mim
Com olhos embaciados pelo brilho de uma luz nova
Olha, olha quem nos fez acotevelando-se uns aos outros
Olha, olha donde vimos sorrindo meio imbecis de serem outros
Ai meus arquitectados versos, de planta precisa nascidos
Ai palavras tijolo argamassadas a gramática e rima
Nasçam p'raí à medida da minha vontade escrevinhante
Tapem o sol amarrados aos ventos, sejam vistos em esplendores d'azulejo
Em rigores de telha e ferro forjado em varandas proeminentes de esperança
Eu, parteira pedreiro, irei, na medida de meus dedos
Na velocidade meiga de vos pensar
Dar-vos irmãos enquanto viva
Nesta termiteira sou rainha de inumeráveis ovos
Alimentado a vós protegido por vós, preso aqui
Mas mesmo assim capaz de liberdade
Mãe impossivelmente masculina das minhas letras
Não creio no sexo da escrita, não creio anjos meus versos
E Deus, no adeus sempre presente, nunca me expulsou de nenhum lado
Assim arquitecto de termiteiras de tijolo
Alicerçado na convicção da verdade de mim
Sou mãe-pai dos meus versos
Assim os amo e os solto ao mundo
O mundo estreito da minha convicta liberdade
Que constróem meus arquitectados versos
Somo números que retiro a plantas
Precisas
Alicerce, parede, telhado
Tenho aos meus versos o amor pedreiro
Do que constroí, com suor e argamassa
Altivo edifício
Ergo-os no céu antes plano
Amarro-os aos ventos
Exponho-os aos olhares de quem passa
De quem os habita
Mesmo que seja só eu o fantasma desses sítios
Mesmo que mais ninguém sonhe poentes debruçado em suas janelas
Meus arquitectados versos
Mesmo os mais espontâneos
Alicerce, parede, telhado
Amarrados a amor pedreiro
No meu cérebro enclausurados
Recuperam liberdades matraqueados por estes dedos agéis
Vão para o ecrã olhar para mim
Com olhos embaciados pelo brilho de uma luz nova
Olha, olha quem nos fez acotevelando-se uns aos outros
Olha, olha donde vimos sorrindo meio imbecis de serem outros
Ai meus arquitectados versos, de planta precisa nascidos
Ai palavras tijolo argamassadas a gramática e rima
Nasçam p'raí à medida da minha vontade escrevinhante
Tapem o sol amarrados aos ventos, sejam vistos em esplendores d'azulejo
Em rigores de telha e ferro forjado em varandas proeminentes de esperança
Eu, parteira pedreiro, irei, na medida de meus dedos
Na velocidade meiga de vos pensar
Dar-vos irmãos enquanto viva
Nesta termiteira sou rainha de inumeráveis ovos
Alimentado a vós protegido por vós, preso aqui
Mas mesmo assim capaz de liberdade
Mãe impossivelmente masculina das minhas letras
Não creio no sexo da escrita, não creio anjos meus versos
E Deus, no adeus sempre presente, nunca me expulsou de nenhum lado
Assim arquitecto de termiteiras de tijolo
Alicerçado na convicção da verdade de mim
Sou mãe-pai dos meus versos
Assim os amo e os solto ao mundo
O mundo estreito da minha convicta liberdade
6 Comments:
bonito, como sempre.
um xi em forma de tijolo
"... o mundo estreito da minha convicta liberdade"
:)
às vezes é mesmo súbito, este meu perder de fôlego, nas palavras: acontece quando algumas já contêm tanto do que nunca me atrevera verbalizar...
poesia é uma coisa que me baralha.
talvez seja da idade. devo ser nova demais para entender a complexidade da escrita [e da mente] dos poetas.
dá-me a sensação de que as palavras estão enroladas umas nas outras.. e que não é qualquer um que as conseguirá desenrolar.
como se o poeta escrevesse com esse mesmo objectivo. um desafio. para ver se alguém conseguirá entender o verdadeiro significado das suas palavras.
eu não sou, realmente, esse alguém.
talvez.. um dia.
por isso, li o poema mas fiquei baralhada.
de qualquer forma, quero agradecer pelos comentários no meu blog.
fez-me sorrir. *
Rita:
A poesia pode estar em qualquer lado, até nas palavras mais simples. Não tentes perceber o significado só porque as coisas têm de ter um significado, obrigatoriamente. O que elas dizem, as palavras que não entendes (ou julgas não entender ainda, por seres mais novinha), dizem de formas diferentes aos olhos de quem as lê. Quantas vezes nos parecem difentes também a nós, após segunda e terceira leitura?
Rita: desculpa só responder agora, estive longe das máquinas. Acho que a cadelinha já disse tudo. Posso acrescentar que quando escrevo, a minha principal preocupação não é comunicar; é expelir; escrever poesia para mim não é uma busca, uma procura; é uma função fisiológica. E não te preocupes por te achares distante da poesia e dos poetas; juro-te, que um dia, há-de haver um verso que te vai atingir como um murro, ou como um beijo, e mesmo que seja só um, vai ser bom, e durável. A poesia é tudo e é nada, faz parte do humano, quer do físico, porque a poesia é um acto mecânico, quer do psicológico, porque a poesia é a descrição de um estado de espirito a dado momento.
A poesia há-de encontrar-te; a maneira que o teu mundo sai das tuas letras não engana. Obrigado pela visita. Passearei pelo teu branco.
'A poesia há-de encontrar-te; a maneira que o teu mundo sai das tuas letras não engana.'
assim espero.. assim a espero.
obrigada. *
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