Da Caligrafia
1. Vagamente traço a linha
Às minhas palavras futuras
Desenho-as antes de as ler
No processo velho de aprender
A soma dos traços a igualar os sentidos
A descrever sentidos
Quando as desço ao ecrã
( Porque elas descem na hierarquia dos meios )
Perde-se o carácter do caracter
A escrita normaliza-se
Domestica-se
Ai este tempo sem missivas
Torna massivas as palavras que desenho
Antes do digital, digitais
Provinham dos dedos agarrados na pena
( A minha Avô ainda dizia pena )
Orgânicas de tinta, folha; não eléctricas
Eclécticas
2. Já quase não uso cadernos
Os que uso deixo a meio
Marcando capítulos de ausência
3. Teclar é escrever igual
Com mais liberdade de apagar
Eliminando todo o erro; a memória do erro
Mas quando é ainda tempo de caneta
Parecem-me sair as coisas
Mais mansas
No prato desfila o inevitável Mozart
O que queria mais mãos para poder
Escrever tudo o que tinha dentro
Em mim nada; só refluxo
A paz de me saber só
No intervalo do som o som da esferográfica
E mais nada
4. Sem assunto este assento
Colecção de aliterações
Agora é assim
Teclar mudou-me o estilo
E é capaz de me ter mudado a vida
Não me mudou porém a caligrafia
Tremenda, a minha caligrafia
Os fins justificam os meios
Preposição com que habitualmente discordo
Por isso discorro correndo tinta
Em cadernos de linhas
Desenhando as palavras antes de as ler
Depois de as saber
Vãs
Às minhas palavras futuras
Desenho-as antes de as ler
No processo velho de aprender
A soma dos traços a igualar os sentidos
A descrever sentidos
Quando as desço ao ecrã
( Porque elas descem na hierarquia dos meios )
Perde-se o carácter do caracter
A escrita normaliza-se
Domestica-se
Ai este tempo sem missivas
Torna massivas as palavras que desenho
Antes do digital, digitais
Provinham dos dedos agarrados na pena
( A minha Avô ainda dizia pena )
Orgânicas de tinta, folha; não eléctricas
Eclécticas
2. Já quase não uso cadernos
Os que uso deixo a meio
Marcando capítulos de ausência
3. Teclar é escrever igual
Com mais liberdade de apagar
Eliminando todo o erro; a memória do erro
Mas quando é ainda tempo de caneta
Parecem-me sair as coisas
Mais mansas
No prato desfila o inevitável Mozart
O que queria mais mãos para poder
Escrever tudo o que tinha dentro
Em mim nada; só refluxo
A paz de me saber só
No intervalo do som o som da esferográfica
E mais nada
4. Sem assunto este assento
Colecção de aliterações
Agora é assim
Teclar mudou-me o estilo
E é capaz de me ter mudado a vida
Não me mudou porém a caligrafia
Tremenda, a minha caligrafia
Os fins justificam os meios
Preposição com que habitualmente discordo
Por isso discorro correndo tinta
Em cadernos de linhas
Desenhando as palavras antes de as ler
Depois de as saber
Vãs
1 Comments:
Não mudei nada. E se mudasse, mudava o resto antes de mudar-te a ti. Já tive problemas semelhantes, mas só nos blogs que usam o haloscan. Keep on traing. Abraço.
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