terça-feira, julho 03, 2007

Até Sem Título

Sendo suposto o texto ser dizer, e dizer consequente, hoje não quero texto. Quero a disformidade de apenas escrever. Acumular a palavra numa harmonia formal, abrir as portas e dentro nada, nada senão a luz filtrada de fora. Fazer o texto quadrado e branco como pedra da calçada que partida fica apenas mais branca e continua muda dos pés que a calcaram, da chuva e do sol que a cobriram. Palavras meio calcadas meio calçadas, meio sol chuva e brancas de meias luas suspensas naquelas noites de veludo.

Tear teia trama em vez de princípio meio e fim parede alicerce telhado pátio cerca rua, qualquer coisa assim de amplo por dentro, e não muito preocupado, não muito relacionado, um ovo suspenso em brisas vocabulares. Fonemas sinfónicos, mas de uma orquestra pequena e fraca, de província remota e pouca nota.

Assim um anti-texto contendo apenas as palavras e não o sentido delas, só porque cabem na mão de quem escreve, só porque as teclas se rearranjam pelo som escorrido delas. Apenas três parágrafos como é costume só que de costume dizem e hoje não. Como o pensar antes do sono que não vamos lembrar nem dentro nem depois dele, como uma…

3 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

e fico a ler o teu hiper texto sem texto fora do contexto.


_______________


uma verdadeira brisa.

re.imagética.


como sempre.

beijo.

terça-feira, julho 03, 2007  
Blogger Sophie said...

Divino, apenas e só!
Xi

quarta-feira, julho 04, 2007  
Blogger Gi said...

Não dizes as palavras
que oiço
Não escreves as palavras
que leio
e contudo
sinto-lhes ... o sentido
emudeço
com o que me dizem
Tudo.... e nada.
"Nada" a acrescentar ,"Tudo" está dito.

Beijos .

Gosto do teu jogo de palavras. Fazem-me dançar estas contradanças.

quinta-feira, julho 05, 2007  

Enviar um comentário

<< Home