terça-feira, maio 13, 2008

Bruto

A descida frutuosa da tarde. A humidade baixa, que metade do horizonte está isento de neblinas e nuvens, e raios de sol batem, planos, nas asas das andorinhas. A trepadeira vermelha, faltam dois dias para as flores. Haja sol. Eu tenho saudades de estrelícias, dumas que nascem exactamente viradas a Sul, numa rua exactamente virada a Nascente; ou a Poente, conforme os casos. Mas Nascente, neste particular caso. Estrelícias de Hollywood, que ao pé é o Multibanco das Películas. Essas.

Astor. A súbdita síncope de Nuevo Tango. Dantes o tango era ideologicamente descontaminado. Os fachos dançavam o tango. Os Homos também; as tascas tangueras eram famosas, de Budapeste a Madrid. Passando por Lisboa, a bem do Hot Club. Mas isso, são já outras músicas. Ou do Sinatra. La realidad sombria de um Coronel. Alcazar.

As calças do Tintim lembram-me uns pássaros na Ilha Negra. Eram gaivotas, e ainda havia uma gralha; e uma chave. O Agostinho era Coronel; o dolmam dele é bonito, crivado a medalhas e a feitos de engenharia. Artilharia. Dezassete. A corcova carioca do Monte Brazil descambando em verdes sucessivos. A tua varanda. É bruto o mar visto daqui.

segunda-feira, maio 12, 2008

Não Inventei o Dia Claro

Pelo caminho das sombras
Que engana o quente e o seco
Pelo passo
O passo necessário e ágil

Pelo caminho nocturno
Que me doura os dias
A enganadora sombra
E o claro do dia

Mais sol e vontade
Ou luz, quero luz
E cortinas azuis

Na cabeça a ressoada música
E nas mãos nada
Que não é preciso nada
Quando se tem luz
A sombra
O claro dia

A vontade imaterial
Porque não dirigida
Apenas ela e os panos que me douram
Na pluralidade colorida
Da realidade do dia
Na subtileza da sombra