Ovar - Coimbra
Acaba a semana; e o prazer de ir quebrar a rotina choca na rotina do hoje à noite, do sábado do costume, do domingo de arrumar a saca, beijar o pai ir ver o trem, embarcar, voltar aqui. Vale que tenho duas rotinas nesta minha vida bígama, numa alternância que mascara a monotonia, num variar de paisagem, de céu, de gente. Vale que quando uma magoa, a outra consola, quando uma é tristeza, outra é alegria. Vale pela diferença modular de uma vida una, mas com dois ritmos, dois ares, duas águas.
Aqui a casa de um piso, o quintal, a madeira no chão e o telhado rangente; paredes de metro, fachada de azulejo, vitral na varanda, e a capela do meu Sto. António a velar a luz ( e a velar por mim? ). Dá para a Praça, a minha fachada, e é bela. Lá o quarto andar com vista para o prédio em frente, o bairro que já foi plácido, o pai e os irmãos, os amigos e as noites brancas, e no canto da janela do meu quarto, o estádio e uma pontinha da ponte. A minha Ovar e a minha Coimbra, e eu nas duas, e eu em nenhuma, que hoje é sexta, meta e viagem. Hoje é dia santo.